sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Surpresa desagradável

Durante a semana, minha esposa (que é diretora de escola) e eu, sentamos e conversamos sobre diversas situações que enfrentamos no nosso dia a dia.
As ocorrências no trabalho, principalmente sobre a atitude dos alunos dentro e fora da escola e a participação ou ausência dos pais no processo, dominam o assunto.
Não raro, observando seu rosto cansado do dia atribulado, percebo um certo desapontamento. Penso comigo: “deve estar exagerando um pouco devido ao cansaço”.
Infelizmente concluí que não há exagero algum. Os atos desrespeitosos dos alunos e a falta de pulso dos pais (sem generalizar), não nos apontam perspectivas de melhora em curto prazo e explico o porquê.
Fui ao supermercado essa semana e cheguei quase ao mesmo tempo que uma senhora e um garoto.Chegando a fila dos frios, me coloquei exatamente atrás dessa senhora, com o garoto dentro do carrinho de compras, que bradava ao balconista que o atendesse logo porque estava com fome.
Uma certa hora ele olhou para mim e disse para a senhora:
- O que esse homem está olhando para minha cara? – ao que a senhora respondeu: Não sei.
E o diálogo continua:
- Qual é o nome dele?
- Não sei, pergunta pra ele?
Aí, olhou para mim e perguntou: - Moço, como você chama?
Respondi: - Brasilino (é bem mais fácil que dizer Agrício, é o que dizem).
Atendi ao seu pedido para que repetisse e ele falou sílaba por sílaba e sorriu ao final.
Eu quis continuar o papo e disse:
- Falei meu nome e agora gostaria que me dissesse o seu. Como você chama?
- André.
- Bonito nome, André!
Para minha surpresa, ele emendou logo em seguida:
- E essa vaca aqui é a Salete.
Vi o constrangimento e a vergonha estampados no rosto dessa mulher.
Perguntei a ela quantos anos ele tinha. Ela me respondeu que o André tinha apenas 4 anos.
Meu queixo caiu de vez.
Como pode uma criança de apenas quatro anos tratar um adulto com tamanha falta de respeito.
E essa senhora não era a mãe, que chegou logo sem seguida, também demonstrando total desinteresse não só pelo filho, como também pela amiga que estava gentilmente cuidando da criança.
Amanhã, essa criança cairá no colo da D. Valéria.
Começarei a rezar por ela desde já.

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