Se o problema do excesso de detritos no espaço não for
resolvido, algumas órbitas de satélites ficarão extremamente perigosas nos
próximos 200 anos.
Um novo estudo, realizado a pedido do Comitê de
Coordenação de Agências para Destroços Espaciais (IADC, na sigla em inglês),
afirma que esta é uma previsão otimista, pois o problema poderá ser bem mais
grave.
Os pesquisadores preveem a ocorrência de uma colisão a
cada período entre cinco e nove anos em altitudes usadas principalmente para
observar a Terra.
O estudo analisou sobretudo as órbitas baixas da Terra (a
menos de 2 mil quilômetros de altitude). Esta área é onde operam a maioria das
missões que enviam dados de observação da Terra.
O último relatório sobre lixo espacial, divulgado pela
NASA no início de Abril, afirma que o número de objetos de origem humana em
órbita da Terra passou de 16.686, em janeiro deste ano, para 16.649 agora.
São 3.588 sondas e satélites espaciais, ativos ou fora do
serviço, e 13.061 detritos, considerados lixo espacial.
Ilustração sem escala - apesar de ameaçadores, os fragmentos de lixo
espacial não seriam visíveis a uma distância como essa.[Imagem: NASA]
Estes números incluem apenas os objetos mais fáceis de serem vistos. O número de objetos menores, movendo-se sem serem vistos, é estimado em 500 mil, com tamanhos de variam entre um e dez centímetros. O número de partículas com menos de um centímetro pode ser de dezenas de milhões.
Todo este material está viajando a vários quilômetros por
segundo, velocidade suficiente até para o menor fragmento causar danos se
acertar uma missão espacial.
Colisões do lixo espacial
Todos os seis modelos criados pelos grupos das diversas
agências espaciais que compõem o IADC chegaram a conclusões semelhantes - de
que haverá um aumento constante do número de objetos de dez centímetros ou
maiores em um período de 200 anos.
Este crescimento foi gerado principalmente pelas colisões
entre objetos em altitudes entre 700 e mil quilômetros.
A projeção mais baixa foi de um aumento de 19% nas
colisões, e a previsão mais alta foi de um aumento que chega a 36%.
O trabalho de simulações e projeções partiu de
pressupostos otimistas.
Um deles foi de que os países seguirão em pelo menos 90%
a chamada "regra dos 25 anos", o limite imposto para que as agências
espaciais do mundo retirem da órbita os equipamentos que já completaram suas
missões.
Outro pressuposto é a de que não haverá mais explosões de
tanques de combustíveis ou de pressão que ainda tenham combustível ou de
baterias velhas, uma das causas do aumento de destroços no espaço.
No entanto, um dos pesquisadores afirmou que a realidade
pode ser outra.
"Certamente ainda não alcançamos 90% de obediência à
regra dos 25 anos e ainda vemos eventos de explosões, em média, três vezes por
ano," explicou Hugh Lewis, que detalhou as descobertas da pesquisa na 6ª
Conferência Europeia sobre Destroços Espaciais em Darmstadt, na Alemanha, na
segunda-feira.
Captura de lixo espacial
Existem diversas propostas para limpar o lixo espacial que vem se
acumulando ao redor da Terra.
Um dos conceitos, criado pelos britânicos, é de um arpão
que seria disparado de uma distância curta contra o alvo a ser retirado.
"(...) Disparamos o arpão a mais de dez metros, o
tipo de distância que esperamos cobrir em uma missão de retirada de destroços
real", afirmou Jaime Reed, da agência Astrium UK. "Nosso arpão também
tem agora absorção de choque para garantir que não penetre muito fundo dentro
do satélite, e estamos disparando com corda. É um voo muito estável", acrescentou.
Outra proposta envolve o lançamento de satélites garis, como
o suíço CleanSpace One e microssatélites equipados com
motores para arrastar o lixo espacial de volta.
A NASA está testando a ideia de usar velas solares instaladas
nos próprios satélites artificiais a serem lançados no futuro, mas
também trabalha no desenvolvimento de raios tratores para
eliminar o lixo já existente.
A proposta mais recente, e com maior possibilidade de
implementação a curto prazo, envolve um canhão laser de alta potência, que
geraria jatos de plasma ao redor do detrito espacial.
Esses jatos funcionariam como pequenos foguetes,
desviando o detrito e fazendo-o reentrar na atmosfera, onde se queimaria. (Fonte)